Uma das mais tradicionais corridas de endurance do automobilismo brasileiro completará 65 anos de existência e 38 edições. Realizados pela primeira vez em 1957, os 500 Km de Interlagos de 2022 acontecerão no dia 4 de setembro, com os treinos livres e classificatórios acontecendo nos dois dias anteriores. A grande novidade neste ano será o lançamento, dentro dos 500 Km, de uma nova categoria do automobilismo paulista, a Historic Race GT, que terá uma classe à parte além das destinadas a carros de turismo e protótipos nacionais com motor de até 2,1 litros. As inscrições estão abertas e podem ser feitas no Automóvel Clube Paulista pelo e-mail 500km@500kmdesaopaulo.com.br.
Competirão na Historic Race GT carros de construção e mecânica atuais, mas com carenagens que remetem a modelos de corrida ou de rua de outras épocas, não sendo necessariamente réplicas exatas. Seis já estão prontos e dois remetem ao Fusca, um deles aos “Fitti-Fusca” construídos no fim da década de 1960 pelos irmãos Emerson e Wilsinho Fittipaldi. Outro carro pronto para competir na Historic Race GT é o Fúria, inspirado em um carro de corrida concebido por Toni Bianco em 1970. Vendido para vários pilotos, o modelo recebeu motores Chrysler, Chevrolet, BMW, Alfa Romeo e Lamborghini. Suas linhas eram tão avançadas que anos depois Toni Bianco passou a construi-los com o nome Bianco S, um carro esporte de rua com motor Volkswagen apresentado no Salão do Automóvel de 1976 e que fez muito sucesso. Bino Mark I (construído pela equipe Willys na década de 1960 e pilotado, entre outros, por Luiz Pereira Bueno), Ford GT 40 (vencedor das 24 Horas de Le Mans entre 1966 e 1969) e Aurora (esportivo brasileiro com linhas inspiradas na Ferrari F40 de 1987, fabricado no começo da década de 1990) “vestem” os outros carros da Historic Race GT que já estão prontos.
Além da nova Historic Race GT, os 500 Km de Interlagos terão as outras cinco categorias adotadas desde 2019: Turismo 1.6, Turismo 2.0, Turismo Força Livre, Protótipos P3 e Protótipos P2. Até o momento, 45 automóveis confirmaram inscrição ou pediram reserva de entrada nos 500 Km. “O regulamento atual foi muito bem aceito e dá oportunidade de participação de carros de corrida para os quais não existem categorias específicas atualmente. Isso permite que os preparadores e mecânicos tenham um certo grau de liberdade para tornar seus carros mais competitivos e torna a competição muito interessante em termos técnicos”, explica Silvio Zambello, presidente do Automóvel Clube Paulista, organizador dos 500 Km de Interlagos.
Em 2021, a prova foi realizada em conjunto com as 500 Milhas de Londrina, devido à falta de datas disponíveis em Interlagos – uma situação causada pelos meses de fechamento devido à pandemia da covid-19 e às reformas necessárias para sediar o GP de São Paulo de Fórmula 1. Segundo Zambello, a volta dos 500 Km a Interlagos teve três importantes colaboradores: Ricardo Tripoli (ex-secretário da Casa Civil da Prefeitura de São Paulo), Vicente Rosolia (assessor da Casa Civil) e Marcelo Pinto (diretor do autódromo). “Interlagos é o principal autódromo do Brasil e também recebe a Fórmula 1. Além das categorias regionais, todas as nacionais de automobilismo e motociclismo competem em São Paulo e isso cria uma demanda muito grande por datas. Expusemos a história e a tradição dos 500 Km e eles perceberam o quanto era importante trazer a corrida de volta para Interlagos”, elogia.
Os primeiros treinos para os 500 Km de Interlagos estão programados para a sexta-feira, 2 de setembro, e a definição do grid acontecerá no sábado, 3 de setembro. A programação completa e o horário da largada no dia 4 serão divulgados em breve.
65 anos de história
A primeira edição dos 500 Km de Interlagos foi realizada em 1957. Esta corrida diferenciava-se por acontecer no anel externo do traçado original de Interlagos − uma clara inspiração nas 500 Milhas de Indianápolis. O anel externo, apesar de ter curvas somente para a esquerda como a pista norte-americana, não era um oval propriamente dito, mas permitia altas médias horárias. Esse atrativo fez a corrida ganhar importância rapidamente e se transformar em uma das mais aguardadas do calendário anual de automobilismo.
A prova deixou de acontecer em alguns anos devido a fatores diversos, em especial reformas no autódromo e restrições governamentais de uso de combustível para provas automobilísticas durante a crise do petróleo. A partir de 1997, entretanto, os 500 Km voltaram com força, já no traçado único que Interlagos passou a ter com as reformas concluídas no início de 1990. Entre 2014 e 2017, a prova foi transferida para o Autódromo Velocitta, em Mogi Guaçu (SP), e teve seu nome alterado para 500 Km de São Paulo. Em 2021, a corrida aconteceu em conjunto com as 500 Milhas de Londrina, devido ao fechamento prolongado de Interlagos para receber obras para a Fórmula 1. O nome original dos 500 Km foi retomado em 2018 com a volta da corrida a Interlagos, e o atual regulamento foi adotado no ano seguinte.
Vencedores dos 500 Km de Interlagos:
1957 – Celso Lara Barberis/Ruggero Peruzzo (Maserati-Corvette)
1958 – Fritz D’Orey (Ferrari-Corvette)
1959 – Celso Lara Barberis (Maserati 300S)
1961 – Celso Lara Barberis/Ruggero Peruzzo/Emilio Zambello (Maserati 450S)
1962 – Roberto Gallucci (Maserati-Corvette)
1963 – Roberto Gallucci (Maserati-Corvette)
1964 – Ciro Cayres/Fernando “Toco” Martins (Abarth Simca)
1965 – Jayme Silva (Abarth Simca)
1966 – Luiz Pereira Bueno (Alpine A110 Renault)
1967 – Totó Porto (Aranae-VW Fórmula Vê)
1970 – Luiz Pereira Bueno (Protótipo Bino MKII Renault)
1971 – Luiz Pereira Bueno/Lian Duarte (Porsche 908/2)
1972 – Reinhold Joest (Porsche 908/3)
1973 – Bird Clemente/Nilson Clemente (Ford Maverick)
1974 – Tite Catapani (Ford Maverick)
1982 – Luís Alberto Pereira/Nabil Khodair (Chevrolet Opala)
1997 – André Lara Rezende/Antônio Hermann (Porsche 911 GT2)
1999 – José Ney Fonseca/Antonio Chambel Filho (Protótipo Aldee Coupé VW)
2000 – Flávio de Andrade/Ruyter Pacheco (Protótipo Tango BMW)
2001 – Flávio de Andrade/Ruyter Pacheco (Protótipo Tango BMW)
2002 – Paulo Bonifácio/Max Wilson (Porsche 911 GT3 RS)
2003 – Alcides Diniz/Paulo Gomes/Pedro Gomes (Mercedes-Benz CLK)
2004 – Xandy Negrão/Guto Negrão (Audi TT DTM)
2005 – Frederico Canepa/Charles Rothschild/Álvaro P. Aguiar Neto (Protótipo Spyder Race)
2006 – Lucas Molo/Nelson Silva Jr. (Ferrari 550 GT)
2008 – Marcel Visconde/Max Wilson (Porsche 911 GT3 RSR)
2009 – Chico Longo/Daniel Serra (Ferrari F430)
2010 – Chico Longo/Daniel Serra (Ferrari F430)
2013 – Alexandre Finardi/Nelson Silva Júnior (Protótipo MRX)
2014 – Euclides “Kid” Aranha/Cláudio Capparelli (Radical SR8)
2015 – Ingo Hoffmann/Guilherme Spinelli/Leandro de Almeida (Mitsubishi Lancer)
2016 – Henrique Assunção/Fernando Fortes/Emílio Padrón (MRX)
2017 – Marcel Visconde/Ricardo Mauricio/Max Wilson (Porsche 911 GT3 R)
2018 – Chico Longo/Marcos Gomes/Victor Franzoni (Lamborghini Huracán GT3)
2019 – Sérgio Pistili/Deninho Casarini (Spyder 2.0)
2020 − José Vilela/Guga Ghizo/Leandro Totti/Leonardo Yoshi (MRX)
2021 − Leandro Totti/Maycon Tumiate/Sérgio Carlesso/José Vilela/Leo Yoshi (MRX)
Foto: Automóvel Clube Paulista/Divulgação
Por: LetraNova Comunicação