Vitor Meira e Vicente Orige disputam ponto a ponto o título da Copa Petrobras de Marcas. Mas em vez do florescer de uma rivalidade, os dois consolidam a amizade e dão exemplo
Amigos desde o kart, Lewis Hamilton e Nico Rosberg chegaram quase juntos à Fórmula 1 e continuaram amigos. Quando tornaram-se companheiros de equipe, a relação estremeceu. E azedou de vez quando os dois iniciaram a disputa pelo título de 2014, quando o britânico venceu. E até hoje, é um para cada lado nos boxes da Mercedes.
Na Copa Petrobras de Marcas, há uma situação semelhante, mas com desfecho bastante diferente. Eles são amigos, companheiros de equipe, e estão disputando um objetivo em comum – o título. Entretanto, segundo estes dois personagens, a amizade só cresceu.
Vitor Meira e Vicente Orige, da JLM-Racing (Honda Civic). Líder e quarto colocado na pontuação do campeonato, respectivamente. Até a penúltima etapa, em Curitiba, a dupla era líder e vice-líder. E nem isso abalou o relacionamento.
“Tudo tem um limite. Fora da pista a gente é mais do que companheiro; na pista somos duros um com o outro, mas somos justos. Ele (Vicente) sabe respeitar os limites da coerência”, atesta Vitor Meira, que lidera a competição com 190 pontos. “Quando passamos a ser companheiros de equipe, acabou que tivemos essa afinidade. Nossas esposas também se deram muito bem e viraram amigas; já fomos à casa dele e agora no final do ano ele vai na minha. Acho que conseguimos agregar o automobilismo para fazer amizades, e isso só traz coisa boa”, continuou Vicente Orige, que até Curitiba era o vice-líder e hoje é o quarto colocado, com 161 pontos. Entre os dois estão Gustavo Martins (Honda) com 163 e Nonô Figueiredo (Chevrolet) com 162. Nove pilotos acumulam chances matemáticas de título em Interlagos, no próximo final de semana.
Os dois já disputaram freadas, endureceram um contra o outro, mas como disse Meira, tudo dentro de um limite. “Sabemos respeitar. O Vicente é experiente, já correu de tudo. Começamos na mesma época – ele até um pouco antes – e é isso que eu mais respeito nele: a coerência de saber até quando demais é demais. Somos maduros, amamos as corridas, fazemos isso o tempo todo. Mas não precisamos disso para viver. Colocamos tudo na balança porque não vale a pena se arriscar, colocar os outros em uma situação de perigo e também arriscar o respeito que se constrói durante a carreira em uma freada. Nós dois pesamos bastante este ponto. E é isso que gera o respeito e a posição que estamos no campeonato”, falou Meira.
“Já fomos duros um com o outro, mas não deixamos os ânimos da pista subirem a ponto de prejudicar o relacionamento pessoal. O Vitor é um cara muito família, bem calmo; realmente um grande parceiro, daqueles para se contar em todas as horas. Está sempre disposto, sempre motivando. É um cara muito gente fina”, diz Orige.
Vitor diz que dentro da JLM Sport não há segredos. “Dividimos as informações, os acertos, tudo. Nós temos algumas diferenças no estilo de pilotagem, mas a conversa no time e o que cada um faz é um livro aberto. Hoje não tem como ficar escondendo muito, porque os dados vão para o computador, há os vídeos das câmeras onboard – e dentro do time a situação é ‘que vença o melhor’”, aponta.
“Digo até que nossa amizade tem se consolidado, diferente de outras situações em que normalmente há uma amizade e quando vira companheiro ou iniciam uma disputa, começam a aparecer arranhões nesse relacionamento. Já estamos em outra posição na vida, e isso tem se fortalecido. O Vicente é um cara tranquilo e verdadeiro. É isso que admiro: a verdade dele”, encerrou.
A Copa Petrobras de Marcas tem organização e realização da Vicar Promoções Desportivas, com supervisão da Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA). O patrocínio máster é da Petrobras, com patrocínio da Pirelli. As montadoras são Toyota, Honda, Chevrolet, Ford e Renault.
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Foto:Fernanda Freixosa/Vicar