A corrida contra o relógio, no maior rali do mundo, chegou ao fim. E mais uma vez, assim como tem sido na grande maioria das vezes desde o início da categoria UTVs no Sertões, a Can-Am chega ao lugar mais alto do pódio – pela décima vez consecutiva –, neste ano com Rodrigo Varela e seu navegador Matheus Mazzei. E como para um Varela só é pouco, a Família Poeira toda entrou para o Top 10 da competição, na ordem, com Bruno Varela e Gustavo Bortolanza em terceiro, Gabriel Varela e Daniel Spolidorio em quinto e o patriarca Reinaldo Varela com seu navegador José Fiuza em sétimo lugar.
Rodrigo é o segundo Varela a se sagrar campeão do Sertões entre os UTVs. Em 2017, foi a vez do irmão Bruno. Já o pai, além de ter sido o melhor no Dakar 2018, também já levou o título mundial, também com um UTV Can-Am. Nesta edição vieram com tudo em busca de mais um título para a família….ops, para a equipe Can-Am/Monster Energy Varela. E conseguiram.
“Foi um rally gigante, que exigiu um esforço na mesma medida. Foram muitas noites sem dormir e cansaço. Nossos quatro UTVs quase sempre estavam entre os dez primeiros. Muito trabalho, mas com uma equipe incrível. Só tenho a agradecer. E, claro, também aos patrocinadores, que tornaram possível essa aventura inacreditável”, comemorou Rodrigo.
Vice-campeões, Rodrigo Luppi e Maykel Justo, disputaram até o fim o primeiro lugar, ficando pouco mais de 5 minutos atrás dos ganhadores. “Estamos muito satisfeitos com os resultados e seguiremos de Can-Am. Depois desse Sertões iremos correr de Maverick X3 os ralis de Marrocos e Andaluzia. A experiência foi muito boa, o UTV chegou em ordem. Temos muito a comemorar. No maior rali do mundo ficamos em segundo lugar a 5 minutos do líder”, destacou Luppi.
E teve mais. Na categoria UTV Over Pro (UOP) Reinaldo Varela e José Fiuza terminaram em segundo, atrás de outro Can-Am, da dupla campeã Edu Piano e Solon Mendes, que na geral ficou com a sexta colocação. E Na UTV 3, dos veículos praticamente como saem da fábrica, destaque para as mulheres, com a vitória de Pamela e Ênio Bozzano a bordo, também, de um Maverick X3. Nesta mesma categoria, o quarto lugar ficou para Helena Deyama e Cris Starling e o décimo para Nelsinho Piquet e Filipe Bianchini, duas das duplas apoiadas pela Can-Am.
Domínio indiscutível de Can-Am. Dos dez primeiros colocados, sete UTVs foram da marca canadense que, a cada ano, ganha mais adeptos nos ralis mundo afora. Até o momento a supremacia nas provas off-road com todos os campeonatos vencidos no Brasil desde 2017, além dos seis títulos de Dakar, é da Can-Am.
Para sempre na memória
A edição 2022 do Sertões entregou números incríveis e uma comemoração que ficará para sempre na história da competição: dos 200 anos da Independência do Brasil. Em resumo, foram 14 dias de provas, 7.202 quilômetros percorridos, dos quais em torno de 70% de especiais, cinco regiões, oito estados e 14 cidades. Da largada em Foz do Iguaçu (PR) até a chegada a Salinópolis (PA), um comboio imenso, com uma estrutura logística afinada, atravessou também São Paulo, Mato Grosso do Sul, Tocantins, Piauí e Maranhão.
A caravana gigantesca também pode ver de perto cinco dos seis biomas brasileiros, incluindo Mata Atlântica, Pantanal, Cerrado, Caatinga e Amazônia. Uma experiência para poucos e um privilégio para quem esteve lá e apreciou in loco esses tesouros da natureza. O Sertões 2022, em seu aniversário de 30 anos, promoveu lugares e experiências de tirar o fôlego, todos dizem.
A saga, que começou pelas Cataratas do Iguaçu – uma das maravilhas mundiais da natureza que impressionam pela beleza e volume de água que transformou o conjunto de 275 cachoeiras em Patrimônio Natural da Humanidade –, depois passou pelo deserto do Jalapão – velho conhecido dos competidores, que surpreendeu com uma seleção de trilhas inéditas este ano –, também pelos Cânions do Viana (PI) – lugar de beleza única – e pela Ilha do Bananal (TO) – a maior ilha genuinamente fluvial do mundo com cerca de 20 mil quilômetros quadrados de área – e pra finalizar chegou até o mar do Pará, na praia de Atalaia, em Salinópolis, portal de entrada da Amazônia Atlântica.
Foram muitas paisagens, experiências e desafios. Cruzar o Brasil como permitiu essa edição do Sertões encheu olhos e corações de pilotos e navegadores, de equipes e toda a massa de pessoas envolvidas nesse grande evento. Sim, uma competição, com dedicação e foco, mas também com uma carga enorme de conhecimento, aprendizados e memórias que ficarão para sempre no imaginário de quem esteve lá e experenciou tanto em um espaço relativamente curto de tempo.
Eles contam…
Bruno Varela
“Chegamos no final do Rally dos Sertões passando praticamente por todas as regiões do Brasil. Foi um rali muito completo, muito bom, com muita quilometragem. Pegamos sol, chuva, frio, calor, andamos em todos os tipos de clima que o Brasil tem e todos os tipos de terrenos, o que colocou em teste a pilotagem e equipamentos. Uma experiência realmente incrível.”
Deni Nascimento
“Tinha muita expectativa nesse Sertões por ser o de 30 anos, de 15 dias e porque gosto de prova dura e longa. Mas sabemos que nem tudo sai como planejado no mundo das competições, por mais que montemos toda uma estratégia e estrutura. Desde a quinta etapa peguei uma virose e fui piorando. Na décima estava muito mal e, infelizmente, decidimos abandonar o rali. Não era o que queríamos, mas precisei preservar minha saúde. Por outro lado, o que vi e vivi até o último minuto ficará guardado para sempre. Poder cruzar o Brasil foi uma oportunidade única. Passar nesses lugares onde poucos veículos conseguem é tão prazeroso, principalmente em um Maverick X3, o carro ideal, sem dúvida. O grande momento para mim nessa edição foi a Ilha do Bananal, que lugar fantástico. Nunca tinha estado em uma aldeia. Como eles vivem em alegria e ao mesmo tempo tão bem. Outra paisagem que não sairá da minha cabeça são os Cânions de Viana, que merecem ser visitados.”
Deninho Casarini
“Depois de 10 dias de rali, muito abalado, resolvi deixar a competição. Fiquei triste não por “perder”, mas pela falta de oportunidade de vencer novamente e conquistar o tricampeonato. Mas dias melhores virão e junto com eles as maravilhosas recordações de tudo o que vivi, do Sul ao Norte. Depois desse Sertões tenho certeza de que o Brasil é a maior beleza natural do planeta. A bordo do meu Can-Am Maverick X3 e na companhia do melhor navegador da atualidade, Ivo Mayer, saímos em busca do sonho de cruzar o Brasil em alta velocidade, passando pelas belezas naturais do nosso país. Vimos paisagens incríveis e pudemos, a bordo do nosso UTV, rasgar a areia do deserto mais lindo do mundo, o Jalapão. Todas as experiências vivenciadas nesses dias com certeza fizeram parte para um treinamento para algo maior.”
Gabriel Varela
“Terminar o Rally dos Sertões com os quatro UTVs da equipe no Top 10 foi realmente incrível, um feito que nunca tínhamos conseguido antes. Estamos muito felizes. Assim como pela experiência indescritível que tivemos, cruzando o Brasil do Sul ao Norte, conhecendo diversas regiões, passando pelos Cânions do Viana, pelo Pantanal, entrando no começo da Amazônia. Foi realmente fantástico viver e descobrir o Brasil e seu tamanho.”
Helena Deyama
“Realmente o Rally dos Sertões é uma experiência única. Sempre digo que é muito mais que um rali, é uma lição de vida porque, além da superação pessoal de pilotar e competir, há um conjunto de pessoas e a máquina. Tudo precisa se entrosar. E que grande oportunidade cruzar o Brasil e poder vivenciar as diversas paisagens, tipos de terrenos, realidades dos povos e passar com nosso veículo em lugares que pouca gente passa, como, por exemplo, o Raso da Catharina no Piauí. Uma paisagem surreal. E acelerar no meio dos Cânions do Viana foi realmente um privilégio. E o meu Can-Am Maverick X3, meu monstrinho, me levou para viajar esse Brasil, cortando do Sul ao Norte, conhecendo todo tipo de paisagem, piso, clima, cultura, muita coisa legal além da competição. A grande conquista foi completar um rali tão duro, de mais de 7 mil quilômetros, e muito bem. A bordo do UTV, minha navegadora Cris e eu, vivemos uma aventura inesquecível. É uma experiência que muda a vida das pessoas, para muito melhor.”
Nelsinho Piquet
“Poder participar do Sertões e em uma edição tão especial foi muito bacana. Estou muito feliz por ter completado toda a competição, mesmo tendo um intervalo para disputar a Stock Car, numa logística louca. Estivemos muito bem, o Maverick X3 impecável, realmente uma realização. E cruzar o Brasil do Sul ao Norte teve um gostinho todo especial. Ver e conhecer tantas regiões, culturas, biomas foi incrível. Lógico que quando estamos pilotando ficamos muito focados no traçado e nos milímetros de pista, mas correr o Brasil de UTV no Sertões é um sonho realizado. Óbvio que ganhar é mais um sonho, mas só de ter passado por essa experiência foi maravilhoso.”
Reinaldo Varela
“Uma coisa incrível dessa edição de aniversário do Sertões é que ela se encerra em setembro, mesmo mês em que comecei minha carreira exatos 40 anos atrás.
Desde 1982 e lá se vão quase 130 vitórias em diversas corridas e categorias pelo mundo todo, boa parte delas com veículos da Can-Am, como o tricampeonato mundial e a vitória no Dakar. Então, acho que posso considerar essa edição uma das mais importantes para mim, pelo que ela representa como marco pessoal. Destaco o nível de dificuldade, a boa organização e, claro, a longa distância de mais de 7 mil quilômetros atravessando um país continental. Neste ano, visitamos muito lugares lindos. Se eu fosse elencar todos, demoraria muito. Mas vou destacar os Cânions do Viana, em Bom Jesus (PI), um lugar cujo cenário parece saído de um filme de ficção. Que privilégio estar lá. Que privilégio ter uma carreira tão longa.”
Rodrigo Varela
“Foi incrível cruzar o Brasil quase que inteiro, passando por regiões lindas. Do ponto de vista da competição, tivemos todos os tipos de terrenos nesse rali, areia, pedra, poeira, água e rio, e isso tudo deu ainda mais prazer em guiar o Can-Am Maverick X3, que foi fantástico e dominou todas as especiais, principalmente nos dias mais longos. Como experiência, foram tantos lugares bonitos e um acolhimento das populações locais, que torceram e deram muito apoio. Na memória ficarão muitas lembranças lindas, especialmente do grande rio que cruzamos na décima-segunda etapa, quando saímos de Balsas para Imperatriz, no Maranhão.”
Resultados extraoficiais UTV – Geral
1. R. Varela/M. Mazzei – Can-Am – 52h37m13s
2. R. Luppi/M. Justo – Can-Am – a 05min46s
3. B. Varela /G. Bortolanza – Can-Am – a 39m46s
4. G. Cestari/J. Ardigo – Polaris – a 49m49s
5. G. Varela/D. Spolidorio – Can-Am – a 52m41s
6. E. Piano/S. Mendes – Can-Am – a 01h39m10s
7. R. Varela/J. Fiuza – Can-Am – a 02h07m57s
8. G. Zanforlin/L. Sobreira – Can-Am – a 02h24m11s
9. L. Torres/F. Franca – Polaris – a 02h30m54s
10. J. Franciosi/Cesar Valandro – Polaris – 02h44m08s
Foto: Victor Eleutério/Fotop
Por: Carbono.AG Agência de Comunicação