Duas lendas do automobilismo se encontraram no Rally de Campos do Jordão, o 114º organizado pelo MG Club do Brasil, realizado nos dias 29 e 30 de novembro. Largando da Pousada do Quilombo, em São Bento do Sapucaí (SP), um BMW M3 1987 e dois Mercedes-Benz 190E 2.3-16 Cosworth, um de 1985 e outro de 1986, mostraram a mesma desenvoltura de quatro décadas atrás.
Perto de completar 40 anos, o BMW M3 surgiu da necessidade de homologar o modelo para o Deutsche Tourenwagen Meisterschaft, ou apenas DTM, a principal categoria do automobilismo alemão. Atualmente na sexta geração, já teve motores de seis e oito cilindros. Mas, para alguns entusiastas, nada se compara à fase conhecida por E30 e seu 2.3 de quatro cilindros projetado por Paul Rosche, ninguém menos do que o diretor técnico da BMW Motorsport, fornecedora dos motores turbo utilizados pelo Brabham com o qual Nelson Piquet chegou ao bicampeonato, em 1983.
O M3 foi um grande sucesso no mundo do automobilismo, vencendo competições com duração de 24 horas em Nürburgring e Spa-Francorchamps, e provas do Mundial de Rallye (WRC) como o Tour de Corse, mesmo tendo tração apenas nas rodas traseiras, enquanto os rivais já estavam na tração integral.
Quanto ao Mercedes-Benz 190E 2.3-16 Cosworth, seu nome foi inscrito no olimpo dos esportivos em 1984, quando a Mercedes organizou uma corrida para celebrar a abertura do novo circuito de Nürburgring (Alemanha) e o estreante na F1 Ayrton Senna – substituindo Emerson Fittipaldi nos 45 do segundo tempo – superou medalhões da F1 como Alain Prost e Niki Lauda para vencer a corrida.
Sob o capô, o motor apresentava ajustes feitos pela Cosworth: níveis de compressão, sincronismo do came e folgas nas válvulas que resultavam em 185 cv. Molas e amortecedores obviamente eram mais firmes, havia diferencial autoblocante o incomum recurso de ajuste automático de altura da suspensão e o câmbio de cinco marchas Getrag “dog leg” (primeira marcha embaixo à esquerda, em vez de em cima esquerda à como nos câmbios comuns – por sinal, o mesmo utilizado no BMW M3 E30). E tudo num sisudo sedã de quatro portas. O modelo 190E representou a Mercedes-Benz em várias temporadas do DTM.
Nas estradas escolhidas para o percurso do Rallye de Campos do Jordão, uma prova de regularidade, os dois carros andaram dentro das médias estabelecidas nas planilhas de navegação. Ambos concorreram na categoria Clássicos, em que a navegação é feita “à moda antiga” – ou seja, somente com o uso de calculadoras, cronômetros e do hodômetro do próprio automóvel. E, neste primeiro reencontro, o Mercedes levou a melhor. Tripulado por Douglas Comunian/Crislândia Comunian, terminou o rallye em nono lugar, duas posições à frente do BMW da dupla Felipe Roeder/Luiza Batista. Para seus proprietários, entretanto, o mais importante foi ter a oportunidade de colocar na estrada estes verdadeiros clássicos que marcaram época nas pistas e nas ruas.
Texto: Rodrigo Mora e Luiz Alberto Pandini
Sobre o MG Club do Brasil
Fundado em 1983, o MG Club do Brasil é um dos mais atuantes clubes de carros clássicos do País. Foi criado para congregar proprietários de modelos da marca inglesa MG, mas logo tornou-se um clube multimarca, admitindo proprietários de carros clássicos de qualquer modelo.
O clube organiza raids e rallies de regularidade, como a 1000 Milhas Históricas Brasileiras, o Raid de Campos do Jordão e o Raid da Serra do Mar. Por serem concebidos para carros clássicos, esses passeios cronometrados percorrem boas estradas, entre paisagens agradáveis, e incluem visitas a pontos de interesse cultural, histórico e turístico.
Todos os sábados, o MG Club do Brasil promove encontros informais entre os associados, nos quais o antigomobilismo é o assunto predominante. Também acontecem na sede social (localizada na Vila Romana, zona oeste de São Paulo) eventos temáticos e homenagens a personalidades do automobilismo. O local possui um acervo de publicações automobilísticas disponível aos sócios para consulta. Para saber mais, visite o site do MG Club do Brasil: mgcbr.com.br.
Por: LetraNova Comunicação