O grande desafio: como Le Mans transforma fabricantes em lendas

Conhecida por implementar inovações, a maior prova de resistência do mundo é até hoje responsável por consolidar grandes marcas no mercado automotivo

A Toyota lutou muito para vencer e conseguiu apenas após seis tentativas
(Louis Monnier/ACO)

Nunca foi fácil. E nunca será. Para alcançar a vitória nas 24 Horas de Le Mans, é preciso sobreviver na pista durante um dia inteiro de competição em La Sarthe. Esse é o desafio que os competidores da edição de 2024, que acontece entre 15 e 16 de junho, precisam enfrentar. O processo exige muito de pilotos, equipes e, claro, dos carros.

A complexidade da prova projetou, ao longo dos anos, o nome de diversas fabricantes para o topo do automobilismo mundial. Se venceu Le Mans, o carro ou a marca conquistam imediatamente o status de confiáveis perante toda a indústria.

Recorde absoluto – É por isso que atualmente existem 14 fabricantes diferentes disputando o Campeonato Mundial de Endurance (WEC) – um recorde absoluto na história do automobilismo. Le Mans está inserida no calendário do WEC, assim como a Rolex 6 Horas de São Paulo, a ser disputada em Interlagos no dia 14 de julho – com ingressos já à venda.
Ao longo de mais de 100 anos de história, a prova contribui para que nomes como Porsche, Ferrari, Peugeot, Aston Martin, Bentley, Audi, entre vários outros, se tornassem ícones da indústria. Além de dar espaço e abrir caminhos para McLaren, Ford e fabricantes asiáticas, como Toyota e Mazda. Confira a seguir alguns fatos marcantes da história das fábricas automotivas nas 24 Horas de Le Mans, prova que chega em sua 92ª edição, sendo a quarta etapa do Campeonato Mundial de Endurance (FIA WEC) deste ano.

1923, os primórdios – A França dominou completamente a primeira edição das 24 Horas de Le Mans: André Lagache e René Léonard venceram em um Chenard & Walcker.

1924, estrangeiros – Na segunda edição, a vitória da britânica Bentley chamou a atenção dos demais fabricantes europeus e americanos para a prova, que veria uma invasão estrangeira a partir de então.

1949, Ferrari – Um ano antes do nascimento do Mundial de Fórmula 1, a escuderia italiana obteria sua primeira vitória em Le Mans com os pilotos Luigi Chinetti e Peter Mitchell-Thompson ao volante de um modelo 166MM.

1953, laboratório ao ar livre – A vitória da Jaguar, com o Type C, inaugura uma importante evolução técnica: o freio a disco. A tecnologia, que permitia uma freada mais tardia, se tornou item indispensável nos carros atuais.

1959, primeira e única – A Aston Martin obteve sua primeira e, até então, única vitória geral em Le Mans com o DBR1, guiado pelo britânico Roy Salvadori e pelo norte americano Carroll Shelby.

1960-1965, domínio italiano – Os belgas Paul Frère e Olivier Gendebien vencem a prova em 1960 e iniciam uma era de domínio da Ferrari, que consagraria nomes como Phill Hill, Lorenzo Bandini e Jean Guichet.

1966, Ford x Ferrari – Depois de seis vitórias consecutivas da casa italiana, a Ford investe pesado para encerrar o domínio europeu. A epopeia protagonizada por Carroll Shelby e Ken Miles culminou na vitória do Ford GT40 e virou filme (“Ford x Ferrari”), lançado em 2019.

1970, Porsche –Hans Hermann e Richard Attwood deram a primeira das 19 vitórias da fábrica alemã na classe principal em Le Mans, pilotando o Porsche 917K. A Porsche tornou-se recordista de vitórias em Le Mans em 1985, ano em que superou a Ferrari. Além das 19 vitórias na classificação geral, a Porsche soma mais de cem vitórias em categorias – a primeira delas, obtida em sua primeira participação, em 1951.

1978, Renault Alpine — A marca francesa triunfou apenas uma única vez em Le Mans, com os compatriotas Didier Pironi e Jean-Pierre Jaussaud a bordo do Renault Alpine A442B. Atualmente, a Alpine está presente nos campeonatos FIA WEC e Fórmula 1.

1980, feito “em casa” – Desafiando a tradição e em meio a ícones da indústria e do esporte, o francês Jean Rondeau venceu a edição de 1980 com um carro completamente construído por ele, o Rondeau M379B. Jean-Pierre Jaussaud foi o outro piloto da dupla.

1982, meio ambiente – Criada com foco na resistência dos carros, a partir de 1982 Le Mans passa a centrar seu regulamento na economia de combustível, uma nova emergência para a indústria e o meio ambiente.

1988, 407 km/h – Utilizando um motor Peugeot, a preparadora francesa WM projetou um protótipo para cravar um super recorde de velocidade em Le Mans. E assim foi: o piloto Roger Dorchy atingiu 407 km/h na reta Mulsanne. A Peugeot, no entanto, divulgou o recorde como 405 km/h para aproveitar a coincidência de número com o seu mais recente lançamento de então, o sedã médio 405.

1991 a 1999, era de novidades – Os anos 90 foram marcantes para quatro montadoras. Em 1991, a Mazda se tornou a primeira fabricante japonesa a vencer em Le Mans e até hoje a única com um carro equipado com motor rotativo (ciclo Wankel). No ano seguinte, a francesa Peugeot conquistou sua primeira vitória. Em 1995, a McLaren garantiu inédito primeiro lugar com o icônico F1 GTR. E, em 1999, a BMW triunfou pela primeira vez.

2003, retorno triunfal – Com o Speed 8, a Bentley voltou a ter um carro vencedor em Le Mans com Rinaldo Capello, Tom Kristensen e Guy Smith. Foram 73 anos de espera desde a última vitória em 1930 com o Speed Six.

2006 e 2012, marcos importantes – A Audi se coloca na frente em duas grandes inovações: em 2006, foi a primeira a vencer com um carro a diesel. Seis anos depois, a fabricante teria a vitória inédita com um modelo híbrido.

2017, 19ª vitória – Com Earl Bamber, Timo Bernhard e Brendon Hartley, a Porsche atinge 19 primeiros lugares, uma marca impressionante. O segundo lugar neste ranking é da também alemã Audi, com 13 triunfos em La Sarthe.

2018 a 2022, Toyota — A fábrica japonesa lutou muito para vencer em Le Mans e só atingiu seu objetivo depois de seis tentativas. Entretanto, depois a Toyota Gazoo Racing emendou uma série vitoriosa com cinco triunfos consecutivos.

2023, centenário e Ferrari — No ano em que as 24 Horas de Le Mans completaram 100 anos de vida, o amante do esporte a motor foi brindado com um acontecimento histórico na maior corrida de Endurance do planeta. Quase 60 anos depois, a Scuderia Ferrari voltou a vencer a prova na classe principal com a 499P #51 pilotada pelos italianos Antonio Giovinazzi e Alessandro Pier Guidi e pelo inglês James Calado, justamente na temporada em que a marca mais famosa do automobilismo voltou à categoria principal em Le Mans.

SOBRE O CAMPEONATO MUNDIAL DE ENDURANCE (WEC) DA FIA

O WEC é o principal campeonato internacional de carros esportivos do mundo, oferecendo aos fabricantes de automóveis uma relevância real para os avanços no design de carros de produção e na tecnologia, desempenho e segurança de crossovers. Regulamentações fortes e estáveis permitem protótipos esportivos complexos, mas bonitos, com o que há de mais moderno em tecnologia híbrida, fornecedores independentes de chassis e motores competindo nos mais altos níveis, e as principais marcas de carros de luxo do mundo enfrentando-se nas pistas.

O WEC oferece às equipes, pilotos, parceiros e partes interessadas um palco único para competir nos principais circuitos de corrida em todo o mundo. Classificado ao lado das Olimpíadas, do Super Bowl e da Copa do Mundo de Futebol, a pedra angular do WEC continua sendo um dos maiores eventos esportivos do mundo, as 24 Horas de Le Mans. Disputado em oito etapas na América do Norte, América do Sul, Europa, Ásia e Oriente Médio, o campeonato reúne corridas de distâncias variadas, desde as mais curtas, com 6 horas, até a mais longa, com 24 horas.

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Por: Rolex 6 Horas de São Paulo

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