De navegador expulso no meio do deserto à vitória feminina e a 76ª morte da história, um resumo da 43ª edição da mais radical prova do mundo
Muita coisa acontece nos bastidores de uma corrida realizada durante doze dias no deserto e com quase oito mil km. Fatos curiosos, novas tecnologias, dramas e recordes. Foi assim a 43ª edição do Rally Dakar, que começou no dia três de janeiro e se encerrou ontem (15), na Arábia Saudita. Confira alguns deles:
● Frustração na largada
A organização da prova anunciou participação de 321 veículos, mas 35 deles (11%) não passaram na inspeção técnica em Jedá, local da largada. Assim, o grid contou com 286 veículos: 61 UTVs e protótipos leves, 64 carros, 101 motos, 16 quadriciclos e 44 caminhões.
● O cerco do covid
Depois de a prova ter sua realização ameaçada pela pandemia, a organização do Dakar montou um rígido protocolo sanitário, que incluía dois testes e uma quarentena antes de o participante poder entrar na “bolha” da competição. Ao todo, foram realizados mais de 2.400 testes do tipo RT-PCR. O espanhol Dani Oliveira, navegador do bicampeão do Dakar Nani Roma (2004 e 2014), foi afastado por causa da covid.
● Vitória feminina
Cristina Gutierrez, 29 anos, fez história ao vencer uma das doze etapas do Dakar na categoria protótipos, tornando-se a primeira mulher em 16 anos a alcançar a façanha – registrada pela última vez em 2005 pela alemã Jutta Kleinschmidt.
● Um olhar para o futuro
Durante o evento o Dakar anunciou que em 2026 todas as principais equipes deverão utilizar veículos com motor a hidrogênio. Em 2030, 100% do grid contará com esta tecnologia menos nociva ao meio ambiente.
● Em três continentes
Trinta anos após sua primeira vitória em uma moto, o francês Stéphane Peterhansel adicionou mais uma conquista, garantindo o 14º título do Dakar – seu oitavo a bordo de um carro. Peterhansel é o único piloto a ter vencido nos três continentes onde o Dakar competiu: África, América do Sul e agora na Ásia.
● Baixas ao longo do caminho
Dos 286 veículos que largaram no dia três de janeiro, apenas 193 (67%) haviam “sobrevivido” aos 7.646km percorridos em doze dias. Eram eles 41 UTVs e protótipos (largaram 61), 49 carros (64), 63 motos (101), 11 quadriciclos (16) e 29 caminhões (44).
● A pé no deserto
Fato inédito na história, depois de uma discussão durante o percurso do 11º dia, o navegador espanhol Xavier Blanco abandonou em pleno deserto o UTV pilotado por seu compatriota Ricardo Ramilo – que prosseguiu na corrida. Blanco foi mais tarde resgatado pela equipe.
● Duas décadas de Dakar
Campeão de 2018 na categoria UTVs, o brasileiro Reinaldo Varela comemorou em 2021 os 20 anos de sua estreia na prova. Considerado referência, Varela é o único piloto brasileiro contratado por um time de fábrica, a South Racing, que fornece o esquema técnico para a canadense Can-Am.
● Recorde precoce
Ao terminar em primeiro na categoria protótipos no segundo dia, o norte-americano Seth Quintero, 18 anos, surpreendeu o Dakar ao se tornar o mais jovem vencedor de uma especial nos 43 anos de história da prova.
● Brasileiros I
Novamente os brasileiros foram protagonistas na categoria UTV. Reinaldo Varela/Maykel Justo lideraram seis das doze especiais. Em cinco delas a vitória escapou, mas eles finalizaram o Dakar vencendo a especial do último dia. Navegador do americano Austin Jones, o catarinense Gustavo Gugelmin ficou com o vice-campeonato da edição 2021.
● Brasileiros II
Na categoria Carros, o Brasil chegou em 17º lugar com o Mini All4 Racing da dupla Guilherme Spinelli e Youssef Haddad. Com um Century Racing CR6, Marcelo Gastaldi e Lourival Roldan completaram a corrida na 29ª posição.
● Tecnologia
O Dakar viu em 2021 a estreia da planilha eletrônica: um tablet colocado no painel que aposentou o caderno de notas dos navegadores. Outra novidade foi o sistema de sinais sonoros nos veículos, comandado por GPS, para avisar pilotos e navegadores de perigos iminentes. A edição 2021 foi o rally mais conectado da história. Além da invasão das mídias sociais, boa parte de suas informações abasteceu o mundo via Whatsapp.
● Adeus a uma lenda
Durante o 7º dia de corrida, o Dakar foi abatido pela notícia da morte de uma de suas maiores e mais queridas lendas. O francês Hubert Auriol, 68 anos, primeiro piloto a vencer tanto nas motos (1981 e 1983) quanto nos carros (1992), faleceu vítima de um ataque cardíaco em Paris, enquanto também lutava contra a covid-19.
● Domínio total
Como nas três últimas edições, a canadense Can-Am dominou a categoria UTV. Em 2021, venceu e liderou todos os dias com duplas variadas. A dupla brasileira Leandro Torres e Lourival Roldan é responsável pela única derrota da Can-Am na categoria, em 2017, competindo pela americana Polaris. Em 2021, o título ficou com os chilenos Francisco Lopez Contardo/Juan Pablo Latrach Vinagre.
● O Rally da Morte
Na sexta-feira (15), último dia de prova, a caravana do Dakar recebeu a notícia do falecimento do piloto francês de moto Pierre Cherpin, 52 anos. Em sua quarta participação na corrida, Cherpin se acidentou na sétima etapa e não resistiu ao ser transferido para um hospital em Paris. Ao longo de sua história o Dakar registrou o falecimento de 31 competidores, além de outras 45 vítimas entre membros de equipes e moradores locais. Por isso, a prova recebeu a alcunha de Rally da Morte.
Foto: MCH Photography
Por: BestPR