Amazonense e baiano chegam animados, mas centrados para da categoria Production T2, no Rally dos Sertões 2017.
A cada temporada que passa, o Rally do Sertões cresce. Cada vez mais pilotos, navegadores, equipes e amantes do automobilismo olham com carinho para a maior disputa do off-road nacional e não foi diferente com a dupla Alexandre Silveira e Pedro Eurico.
Alexandre é empresário e Pedro analista de sistemas. O primeiro nasceu no Amazonas, atualmente vive na capital federal e já disputou a Copa Peugeot e pela Mitsubishi Cup. O segundo é oriundo da Bahia, vive atualmente no Rio de Janeiro e também possuí uma larga experiência no automobilismo tais como: sagrou-se bicampeão da Copa Peugeot, campeão da Mitsubishi Cup, campeão Cerapio, campeão Parahyba 500 e tri-campeão Pernambucano, vice-campeão RN1500, vice-campeão Mitsubishi Motorsports e vice-campeão Alagoano.
Em entrevista ao Templo dos Esportes, Alexandre e Pedro falaram sobre como se conheceram, equipamento que utilizarão na disputa, apoio da família e a perspectiva para a competição na região Centro-Oeste.
Alexandre e Pedro como vocês se conheceram e de onde brotou a ideia de disputar o Rally dos Sertões, afinal experiência não falta para a dupla?
Alexandre: “Somos amigos de anos, porém nunca competimos juntos, mais este ano em uma conversa jantando, foi levantada esta hipótese e ambos gostaram da ideia. Era um sonho antigo, o Rally dos Sertões é o segundo maior rally do mundo. Os obstáculos e superações, são grandes incentivos para a formação de um grande piloto. Os melhores sempre passaram pelo Rally dos Sertões, pois nem todos conseguem superar esse desafio”.
Pedro(foto): “Nos conhecemos em 2009, eu morava em Brasília na época. O Alexandre era ligado ao pessoal de Brasília que era ligado ao off road, tínhamos conhecidos em comum. Neste ano, o Rally Dakar, que é o maior rally do mundo, esteve na América do Sul. Aconteceu na Argentina e no Chile. E para nós, apaixonados pelo esporte, ficou muito óbvio que era uma grande oportunidade de conhecer de perto o mais importante rally do mundo, que acontecia normalmente entre a África e a Europa. O rally estava então na esquina de casa. Era muito mais fácil ir para a Argentina do que para a África assistir ao rally. Até então eu não conhecia o Alexandre, eu fui com uma grande amiga minha, a Elaine Machado, que também é competidora de ralis. Nós decidimos ir de última hora. E o Alexandre foi com um grupo de Brasília que foi de carro para lá. A Elaine e eu fomos nos encontrar com eles e foi aí que a gente se conheceu. A gente saiu de Brasília para se conhecer em Buenos Aires”.
“A gente corria na Copa Peugeot de Rally de Velocidade, era um outro tipo de competição com carros comuns, carros preparados para a competição, mas baseados em modelos comuns de rua. O campeonato foi encerrado em 2012 devido à crise financeira na Europa”.
“Em 2013 eu fui convidado por um piloto de Brasília para competir na Mitsubishi Cup, um tipo de campeonato cross country em uma caminhonete L200. Eu participei desse campeonato em 2013, 2014 e 2015. Fui campeão em 2013, mas nos outros anos não tivemos bons resultados e acabei parando. No ano passado, eu comecei a pensar em voltar para o rali. Minha primeira opção era participar do Sertões de moto, mas como tinha muito tempo que não pilotava acabei desistindo, pois precisaria ficar um ano inteiro treinando, comprar equipamentos. Aí me interessei em ir fazendo parte da equipe de apoio, que tem um trabalho gigantesco durante a prova. São as equipes de resgate rápido, que quando acaba as equipes seguem no percurso para rebocar alguém que esteja quebrado no meio do caminho”.
“E aí eu estava em Brasília, conversando com o pessoal dessa equipe, que é uma outra equipe de Brasília, para ver se tinha a possibilidade de ir acompanhando a equipe. Acabei encontrando com o Alexandre por um acaso e ele disse que estava pensando em correr, perguntou se eu iria com ele. Aí juntou a fome com a vontade de comer. Eu já estava querendo participar do Rally dos Sertões e participar competindo então era o meu principal interesse. E foi aí que tudo começou”, afirmou.
Como a família de ambos reagiu ao anúncio de que vocês competirão nesta competição, que cada vez mais ganha notoriedade no automobilismo nacional?
Alexandre: “Minha família adora Rally! Sempre me acompanham, desde a Copa Peugeot, me apoiam muito, minha esposa me incentiva demais e cobra resultados também”.
Pedro: “A minha família já está acostumada com os ralis, mas sertões é sempre um motivo de apreensão por ser uma prova mais longa e remota. São muitos dias longe de casa. E no meu caso, tive que antecipar o retorno das férias para chegar a tempo da corrida. A patroa entendeu que é por um bom motivo. Sertões é sempre a realização de um sonho”.
Por que a escolha do modelo Mitsubishi ASX?
Alexandre(foto): “Como venho do Rally de velocidade, a ASX foi o carro com o comportamento mais parecido. Ela não é tão alta, sendo um ponto negativo. Porém, um carro muito ágil e rápido, ponto positivo. Quando fui comprá-la, vários amigos não gostaram da minha escolha, pois foi um carro que tive que gastar com várias modificações. Mas é um carro que vesti como o outro que competia anteriormente. Isso me dá um conforto e segurança muito grande, principalmente sabendo que eu iria correr o Rally dos Sertões”.
Qual a preparação física que estão realizando, imaginado que a prova no Centro-Oeste será extremamente dura e desgastante?
Pedro: “A prova é muito desgastante. Vamos estar dentro de um carro que por mais que tenha ar-condicionado, ele refresca muito mais do que refrigera. Vamos estar expostos provavelmente a temperaturas acima de 40°, amarrados dentro de um macacão, sem poder mexer no banco por questões de segurança, então o cinto de segurança tem que estar sempre apertado. Temos que estar sempre com toda a indumentária, capacete, macacão, balaclava, tudo vestido o tempo todo enquanto estiver dentro do carro. E com isso, o calor e o desgaste físico são muito grandes. O carro fica chacoalhando o tempo todo, você tem picos de adrenalina o tempo todo. A atenção tem que estar redobrada, ou seja, é uma competição de velocidade passando por um terreno que você não conhece. O desgaste físico e o emocional é muito grande”.
“A preparação para isso é uma boa preparação física especialmente voltada para a questão da resistência. O perder peso não é nem é tão importante. A gente termina perdendo peso por consequência da preparação física. Mas o mais importante é que a resistência esteja em dia, que a respiração, que o controle do batimento cardíaco esteja em dia para que se possa aguentar períodos de até oito ou até nove, dez horas dentro de um carro de competição, o que não é fácil”.
Com qual estrutura que o time conta para a disputa dos Sertões?
Alexandre: “Nossa estrutura é terceirizada, devido ao alto custo de ter uma própria. Porém, a equipe que nos dará apoio é a segunda maior equipe do Rally hoje. Teremos 6 mecânicos e 6 ajudantes, teremos 3 carretas, sendo uma delas cegonha, outra com uma oficina móvel, e outra com montagens de pneus, como se estivesse em uma loja. Teremos 5 caminhonetes que para o apoio rápido, acompanhando todo Rally, pronta para nos rebocar em caso de quebra. Teremos um fisioterapeuta diariamente, nos dando um apoio após a chegada de cada etapa da competição”.
Qual a perspectiva da dupla para a disputa?
Pedro: “Eu sempre acho que o Rally escolhe os seus campeões. Então, a gente não pode entrar na prova dizendo: Ah eu vim aqui para ganhar. Não é isso. Eu vim aqui para competir e vou fazer o meu melhor. O ganhar é consequência, é resultado de uma boa participação. Ele não pode ser somente o objetivo. A gente tem que respeitar o Rally. Mas obvio que você não entra em uma competição só para dizer eu vim aqui só passear. Também não é assim. A gente vai entrar para andar forte, mas temos essa consciência que os outros competidores são fortes, alguns que já tem vários Sertões, então têm mais experiência do que a gente nesse tipo de prova. Mas em outras competições andamos de igual para igual com eles. Então, sabemos que o resultado é possível”, concluiu.
Programação 25º Rally dos Sertões (19 a 26/8)
19 de agosto (sábado)
Prólogo – Local: Cidade Alpha Goiás
1ª Etapa – 20 de agosto (domingo)
Goiânia (GO) – Goianésia (GO)
TE (Trecho especial cronometrado) – 306,82 km
Total do dia: 680,48 km
2ª Etapa – 21 de agosto (segunda-feira) – Etapa Maratona
Goianésia (GO) – Santa Terezinha de Goiás (GO)
TE – 248 km
Total do dia: 326 km
3ª Etapa – 22 de agosto (terça-feira)
Santa Terezinha de Goiás (GO) – Aruanã (GO)
TE – 297,06km
Total do dia: 306,06 km
4ª Etapa – 23 de agosto (quarta-feira)
Aruanã (GO) – Barra do Garças (MT)
TE – 273,20 km
Total do dia: 471,28 km
5ª Etapa – 24 de agosto (quinta-feira)
Barra do Garças (MT) – Coxim (MS)
TE – 438,86 km
Total do dia: 666,01 km
6ª Etapa – 25 de agosto (sexta-feira)
Coxim (MS) – Aquidauana (MS)
TE – 194,91 km
Total do dia: 429,45 km
7ª Etapa – 26 de agosto (sábado)
Aquidauana (MS) – Bonito (MS)
TE – 240,45 km
Total do dia: 420,78 km
Foto de capa: Arquivo Pessoal – Alexandre Silveira/Pedro Eurico
Por Matheus Furlan